Entrevista a Laurie Anderson

Annie Ohayon y Alisa Regas
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Regresso a uma nova simplicidade, a um novo despojamento. Com The End of the Moon, Laurie Anderson recoloca a palavra no centro das operações da sua particular deriva estética. Naquela que será a sua estreia absoluta na cidade do Porto, traz na bagagem histórias de viagens metafóricas à extremidade da lua. Com o alto patrocínio da NASA.

ANNIE OHAYON & ALISA REGAS Fale-nos de The End of the Moon. Irá incluir nova música e novos equipamentos?
LAURIE ANDERSON Nova música, sem dúvida. A música terá um papel importante neste trabalho, maior do que no anterior, Happiness. Isso deve-se em parte ao facto de eu estar a trabalhar com uns sistemas novos fantásticos. Do ponto de vista técnico, o meu equipamento está a ficar incrivelmente compacto: estou muito entusiasmada com a capacidade deste software. Não quero estar para aqui a fazer publicidade, mas com franqueza dantes eram precisos dois camiões enormes para carregar equipamento que agora posso levar em duas pastas de mão. De um momento para o outro, ganhei imensa flexibilidade - há tantos sons novos e maravilhosos que posso tocar! É como se estivesse finalmente a aprender a improvisar. Ainda existem alguns elementos analógicos no meu equipamento, mas em termos gerais este agora é quase invisível.

AO & AR Existe um tema genérico em The End of the Moon?
LA Eu diria que o tema genérico é, basicamente, o tempo. A nossa percepção do tempo e a forma como este nos afecta, nos modifica. Isso, e as histórias, as histórias que contamos a nós próprios para podermos continuar. E, claro, esta é uma época fantástica para histórias! A campanha presidencial é toda baseada em histórias, e acaba por resumir-se ao facto de preferirmos a história que um dos candidatos nos conta, de nos podermos identificar mais com uma delas. Nenhum de nós vai andar por aí a investigar por conta própria.

AO & AR De onde veio o título? "The End of the Moon" [O Fim da Lua] é, suponho, uma expressão que contém alguma da melancolia que sinto actualmente. Na verdade, não é apenas melancolia. É mais uma sensação de perda. Como se tivesse perdido algo e não conseguisse explicar claramente o que é. Na realidade, creio que perdi um país. Os últimos três anos têm sido muito duros e alienantes para muitas pessoas. Neste trabalho, procuro examinar algumas dessas coisas. Por outro lado, vejo-o como uma espécie de relatório final sobre o meu período como artista residente na NASA. Assim, é um trabalho com muitas tonalidades.

AO & AR Onde vai buscar inspiração? Como decide que histórias serão incluídas no seu trabalho?
LA Tenho cadernos enormes, que encho de histórias e fragmentos. São diários que venho acumulando desde os meus doze anos. Consulto-os e depois decido o que trabalhar, com base em conjecturas como "Talvez isto fizesse alguém rir?", se calhar por ser incrivelmente triste. Quase nunca os escolho por pensar que exprimam aquilo que sou. Não estou a tentar exprimir-me. Esse não é, de forma alguma, o meu objectivo. Na realidade, estou a colaborar com o público. Talvez esteja a namoriscar com o público; trata-se, em parte, de manter uma relação com as pessoas. Tento imaginar esta colaboração e com base nisso vou dando forma ao trabalho.

AO & AR Procura ir sempre simplificando as coisas? Tanto no seu trabalho, como na vida em geral?
LA Realmente, esforço-me por tornar as coisas mais simples, mais directas. O Lou [o seu companheiro, o músico Lou Reed] encoraja-me muito nesse ponto. Quando me escondo atrás de analogias, ele diz-me: "Porque não dizes só o que queres dizer, em vez de andares sempre a aludir às coisas?", e às vezes está mesmo certo.

AO & AR Apresentou uma versão primitiva deste trabalho em Fevereiro, na cidade de Montreal, no âmbito do Festival das Luzes. Nessa altura, a peça chamava-se Beauty [Beleza]. Porque a intitulou assim? Ainda se encontram, em The End of the Moon, alguns dos temas de Montreal?
LA Suponho que estava basicamente curiosa quanto à forma como crio as minhas próprias categorias. Por exemplo, o que é a beleza? O que é aquilo que penso ser belo, e porquê? E a partir daí vou desenvolvendo montes de cenazinhas estranhas, cada uma das quais, de certo modo, aborda aspectos diferentes da beleza: esperança, medo, mágoa, e assim por diante.

AO & AR Porque se sente tão à-vontade com os espectáculos a solo, neste ponto da sua carreira e da sua vida?
LA A minha ambição é ser uma trovadora, alguém que se limita a absorver o mundo e a tentar exprimi-lo de uma forma muito leve. Não de uma forma artística muito pesadona, cheia de imensos duplos sentidos esmagadores. Procuro ser mais leve em termos gerais. Procuro compreender mais o que me rodeia, e produzir menos. Acho que já há demasiadas coisas no mundo. Creio que se tivesse de mencionar coisas ainda insuficientes, a ternura seria uma delas. A consciência seria outra.

AO & AR Disse que estas apresentações fazem parte de uma trilogia de trabalhos a solo, constituindo esta a segunda parte. Como funcionam entre si estes trabalhos?
LA Happiness tinha um tom jornalístico. Era sobre ir a sítios fazer coisas. Fui lá, vi isto, fiz aquilo. Uma série de histórias. The End of the Moon trata das impressões perturbadoras que podemos sentir depois. É um trabalho mais sonhador. Mais abstracto. Há muito mais ansiedade quanto ao futuro. Há incerteza. Esta é a palavra que melhor me parece descrever a vida neste momento. Estou a tentar reduzir o meu uso do pronome "eu". Para mim, The End of the Moon está a levantar uma série de questões criativas, o que não era o caso de Happiness. Contudo, eu adoraria fazer apenas este tipo de pequenos espectáculos pelo resto da minha vida - Happiness, The End of the Moon, The Beginning of History, Beauty, Pain...

AO & AR Tive a impressão de que, em Happiness, estava a usar essas experiências para contar a sua própria história. Acha que está a contar uma história por meio destes lugares mentais? A história de quem?
LA Não sou possessiva a ponto de me interessar se sou eu ou você. Uma das histórias em The End of the Moon começa numa gaiola de hámster. Não sei de quem é esta história. Talvez seja a história de todas as pessoas que alguma vez se encontraram numa gaiola, a qual se foi gradualmente transformando numa armadilha. Serei eu? Será você? Seja lá quem for.

AO & AR Faz já alguma ideia do que será a terceira parte?
LA Eu adoraria fazer um número infinito de trabalhos como estes. Estou um pouco arrependida de ter dito "trilogia". Gosto muito de fazer trabalhos a solo, porque me dão muito mais liberdade que as produções multimédia maiores. Posso andar aos saltos pelo palco, sem ter de dar conta de cada um dos meus movimentos a uma gigantesca equipa técnica.

AO & AR Fale um pouco mais da sua estadia na NASA. Como se proporcionou? Que tal foi a experiência? Como reagiram à sua presença? A NASA teve um ano cheio de altos e baixos. Foi um ano bom para trabalhar lá? Como aparecem estas experiências no presente trabalho?
LA Falarei um pouco das minhas experiências na NASA neste trabalho. Foi, efectivamente, uma grande honra ser a primeira artista residente da NASA. Evidentemente, a minha primeira pergunta foi: "Posso ir lá acima?". Eu dava tudo para ir lá acima. Mesmo tudo. Responderam-me que não. Mas adorei falar com os cientistas e engenheiros e, claro, pude ver muitas coisas espantosas. Que conclusões tirei? Que, provavelmente, muito do que farei ao longo dos próximos anos será influenciado pelo que vi em todas as visitas às instalações da NASA, por quem encontrei, e pelo que vi e pensei.

AO & AR Fiquei surpreendido quando pela primeira vez a ouvi dizer que queria escrever um "poema épico". Diga-me, o que a atraiu nisso? Será a ideia de uma tradição oral? Você, como trovadora, a cantar e a contar histórias de lugar em lugar? Ou é da estrutura que gosta? Do facto de não ser realmente necessário um fim? O que a fez pensar nisso?
LA A ideia de algo infindável é sem dúvida atraente. Evidentemente que a ambição de escrever um "poema épico" é, por um lado, inspiradora, mas também é totalmente pretensiosa. Por quem me estou a tomar? Mas gosto de me sentir inspirada dessa maneira. Porque não? Adoraria ser capaz de escrever algo muitíssimo abrangente. Mas "épico"... que significa isso? Como começa?
Muitas vezes esses enormes poemas tratam de uma viagem, de tentar chegar a algum lado, perdendo-nos no caminho, e são também sobre movimento. Há uma espécie de protagonista, que por vezes é o narrador. Quanto a mim, estou a tentar fazer uma coisa assim. E estou também a tentar saltar rapidamente para dentro e para fora destas cenas imaginárias e absurdas. Apenas porque é divertido. Apenas porque posso fazê-lo.

AO & AR Existem poemas aos quais regresse, durante o processo de escrita, para resolver problemas? Pensa dessa forma enquanto constrói um trabalho como este? Leu alguma coisa logo antes de escrever Happiness ou The End of the Moon?
LA Suponho que podemos usar poemas para resolver problemas. Mas quando leio, a minha impressão é que o faço por puro prazer, não para compreender alguma coisa. Um dos meus escritores preferidos é Anne Carson, por isso suponho que, caso quisesse resolver algo, poderia pensar nela. Um dos seus livros, Autobiography of Red, contém algumas transições bruscas fascinantes. Quem as estudasse poderia aprender a escrever algo onde o tempo é mesmo escorregadio.
Nos poemas épicos, o tempo move-se de forma complicada. Há muitas zonas temporais, que ainda por cima muitas vezes se localizam no passado distante. Geralmente o autor, o poeta, não estava lá, o que tem muitas vantagens. Mas há formas de sair do drama, como escrever no presente do indicativo.

AO & AR Ao longo dos últimos dois anos tem andado pelo mundo a realizar muitos projectos. Comecemos pela World Expo 05, no Japão, que será inaugurada em Abril. Pode descrever o que tem planeado?
LA Tenho várias coisas, na realidade. Como se sabe, a World Expo é uma combinação de feira comercial e evento cultural, cujo tema este ano é a natureza. Os organizadores encomendaram projectos a alguns artistas. As mascotes oficiais da Expo são dois bonecos em forma de arbusto, um grande e um pequeno, talvez pai e filho, e que a Lolabelle, a minha cadelinha rateira, já fez em tiras.
Tenho vários projectos grandes para a Expo: o primeiro chama-se Walk, e consiste numa série de instalações visuais num jardim enorme que eles lá têm e uma peça de música gravada no sistema binaural, que pode ser ouvida em auscultadores enquanto se anda. O binaural é maravilhoso, muito tridimensional. Estou também a trabalhar com projectistas japoneses num óptimo sistema de infravermelhos, que nos permite aceder a sons contidos em cartões muito pequenos, sem necessidade de fios.
A outra parte do projecto é um filme em vídeo de alta definição. É tão belo! Andei muito tempo sem usar imagens, porque detestava o aspecto do vídeo. Mas agora parece-se cada vez mais com as imagens em celulóide, e estou a adorar. Acabámos há pouco de gravar, e estamos agora na montagem. Basicamente, são doze pequenas sequências - canções, na verdade - sobre a forma como sentimos o tempo.
De certa forma, todo o projecto foi um pretexto para trabalhar no estrangeiro. O filme será exibido na Expo, num ecrã Astrovision gigante. Esperamos exibir fragmentos dele num sistema semelhante, na Times Square, para testar. Em Abril conto também fazer uma série de concertos no Japão. Deve ser divertido.

AO & AR Fale-nos da Grécia e dos Jogos Olímpicos. Esteve ano e meio em Atenas a trabalhar com a equipa olímpica, não foi?
LA Sim. Enquanto estava a decorrer, não consegui falar sobre isso, mas foi espantoso. Pediram-me para trabalhar na composição da cerimónia de abertura, e também para ser a narradora. Estão a ver, a pessoa que dá as boas-vindas ao mundo em Atenas. Por isso, fui muitas vezes a Atenas por coisa de um ano. E tive a oportunidade de trabalhar com imensos gregos fantásticos - escritores, projectistas, coreógrafos. Antes de mais nada, tenho mesmo de dizer que eles são muito mais espertos do que nós. São mais avançados e têm ferramentas mais avançadas, uma linguagem mais avançada. Têm mesmo. Mais elegante, mais complicada, mais complexa. E eu sou uma apaixonada pela língua inglesa. Mas via claramente que eles descendiam das pessoas que inventaram virtualmente tudo aquilo em que se baseia a nossa civilização - filosofia, geometria, física, tragédia, escultura, pintura.
Resumindo, foi - a história toda é muito comprida - uma experiência maravilhosa trabalhar criativamente com eles. Também me diverti muito com a extrema confidencialidade de tudo aquilo. Nunca podia dizer aos meus amigos onde ia - desaparecia, apenas. Então, em Dezembro último, houve um grande corte nos orçamentos e, lamentavelmente, eu fui uma das baixas, por isso acabei por não ser a narradora.

AO & AR Também tem dois projectos em França - um para a rádio e outro para a Ópera Garnier. Como se proporcionaram?
LA O projecto radiofónico começou quando fui contactada por uma emissora francesa que me pediu um projecto para o seu programa cultural. Decidi fazer um diário, um diário áudio. Assim, preparei um equipamento simples, composto de um leitor de Mini Disc e um microfone pequenino, como os usados para a espionagem, que levava comigo para todo o lado, e passei meses a gravar coisas todos os dias. Coisas perfeitamente do dia-a-dia - pessoas a falar, atmosferas, levar a cadela às termas. Os sons são um material fortíssimo para fazer um diário. Seja como for, o projecto está fora de controlo neste momento; é muito longo, quase uma mini-série. Chama-se Nothing in my Pockets. Ainda há pouco, estiveram cá os produtores para tentarmos dar-lhe forma, mas parece que se está a transformar numa espécie de... Creio que irá para o ar esta Primavera.

AO & AR Sei que está também envolvida num outro projecto. Anda a fazer caminhadas de dez dias. Isso está ligado ao projecto radiofónico francês?
LA Bem, começou assim. Estava em Milão, no fim de meses de gravações e pensei de repente: se calhar, devia ir a pé a Paris para fazer a mistura disto. Andar, afinal, é muito parecido com escrever um diário. Não sabemos o que vai acontecer a seguir, e a escrita de um diário é completamente bizarra - não existe nenhum enredo, há pessoas que vão aparecendo, e nós, quando o lemos, pensamos: "Ena, eu não fazia ideia que tal e tal ia ser tão importante para mim...".
Seja como for, o problema da minha caminhada até Paris eram os Alpes. Um problema dos grandes.

AO & AR Então, quantos lugares visitou até agora a pé?
LA A primeira caminhada foi de Atenas a Delfos, uma coisa espantosa. A minha ideia era acompanhar uma estrada muito antiga, a Via Sagrada - a estrada do destino e das respostas. O itinerário costuma ir dar ao Templo de Delfos, onde o Oráculo ajudava as pessoas a descobrir o que fazer. Eu fui lá na estação baixa, e o Oráculo só funcionava no Verão, mesmo na antiguidade. Por isso quem fosse lá na estação baixa, como eu fui, em Novembro, iria dar à Caverna de Pã, onde se podia dançar e fazer outras coisas, em preparação para a Primavera e para as coisas primaveris que aí vinham.

AO & AR Uma espécie de peregrinação?
LA Uma anti-peregrinação, na verdade. Procuro que estas caminhadas sejam livres de objectivos. Só vaguear. Contemplar. De facto, estou a esforçar-me muito por deixar de ter objectivos. Os objectivos podem impedir-nos de alcançar as coisas.
Acabo de regressar da minha caminhada mais recente. Foi em Wiltshire, ao longo da Ridgeway - outra estrada muito antiga, no sul da Inglaterra. Era uma estrada muito usada pelos pastores, pois como sobe várias colinas, podiam ir olhando para baixo para ver se ninguém lhes atacava o rebanho, mantendo-se ao mesmo tempo fora de alcance - e era uma estrada mercantil, que as pessoas percorriam a pé ao longo de semanas, para chegaram aos mercados grandes do norte. Era como andar pelo dorso de um dragão.
Eu pensava sempre que ia ter algumas ideias durante estas caminhadas, ou que conseguiria livrar-me de um problema, ou coisa parecida, mas não - a minha mente parece que fica em branco, fico "oh, isto é lindo", deslumbrada pela beleza, e é tudo, é simplesmente lindíssimo. Limitamo-nos a ir andando com todas essas coisas lindas à nossa volta, a sermos apenas parte disso.

AO & AR Sempre quis perguntar-lhe: continuaria a fazer performance, mesmo se não tivesse público?
LA Não me imagino a produzir um espectáculo apenas para mim. Isso tocaria as raias da loucura. Gosto quando o público compreende o que faço. Faz-me sentir menos solitária. E passar dias inteiros no estúdio pode ser terrivelmente solitário.

AO & AR Disse que este novo trabalho se debruça sobre a relação entre estética, espiritualidade, guerra e consumismo. Acha que a reacção negativa do mundo à guerra dos Estados Unidos com o Iraque se deve mais a divergências estéticas ou morais? Num mundo em guerra, terá realmente importância a estética?
LA Pergunta difícil. A relação entre moralidade e estética é obviamente de extrema complexidade. Uma das minhas frases favoritas é de Lenine: "A ética é a estética do futuro". Adoro pensar no que isso poderá querer dizer! Será que no futuro vamos ser todos bons uns para os outros, e assim não precisaremos de fazer arte? Há pessoas no mundo com múltiplas razões para reagirem negativamente à política norte-americana.
Se eu tivesse de explicar porque estamos em guerra, falaria mais de economia e poder do que de estética. Dito isto, o que é certo e o que é belo são duas coisas que se confundem muito nas cabeças das pessoas. Isto é um tema muito importante em The End of the Moon. Insinua-se constantemente no espectáculo. Por outro lado, não quero fazê-lo parecer teórico. É, na minha opinião, um trabalho muito impressionista, alusivo, fugidio. Os significados estão constantemente a escapar-se.

AO & AR O que gostaria de fazer, mas ainda não fez?
LA Praticamente tudo! Astrofísica, cirurgia cerebral, aguarelas. Mas parece-me que não vou ter tempo para essas coisas desta vez, e não estou muito segura de ir ter uma segunda oportunidade.

AO & AR Existe alguma especial predilecção pelo ar livre no seu estado de espírito actual?
LA Sem dúvida! Ultimamente, adoro olhar para enormes carvalhos e ver como os seus ramos se recortam contra o céu. Posso levar o dia todo a fazer isso. Um pouco como quando era uma criança. Pelos vistos, o céu, o clima e os animais estão outra vez a fascinar-me. Se, há cinco anos atrás, me tivesse vindo com perguntas sobre a natureza ou o ar livre, eu teria pensado "que tolice!"... Eu estava mais interessada em situações e soluções, e em tecnologia. Agora estou a ir noutra direcção. Qual direcção? Bem, estou a improvisar.

AO & AR Existe um limite para a sua curiosidade? Existe algo que considere fora dos limites?
LA Sim, o sexo pornográfico. Será fora dos limites? Não sei - simplesmente, nunca me interessou. Também não falo de loucura, de pessoas loucas a babarem-se, porque, suponho, estou a tentar dirigir-me a pessoas mais ou menos sãs. Ou, digamos, penso que as pessoas que compreendem o que faço são provavelmente sonhadoras, como eu.

AO & AR Como lida com as reacções do público?
LA Bem, agrada-me cairmos naquele sonho comunal.